A Fenapaes realizou uma abertura especial para o Encontro Nacional dos Procuradores das Federações Estaduais das Apaes. Na quarta-feira, 27 de julho, aconteceu um jantar/palestra com a participação da jornalista Mirian Leitão e do juiz federal Sérgio Moro. Além dos procuradores, estavam presentes a diretoria e os coordenadores de área da Fenapaes, os membros do Conselho de Administração e os autodefensores, Bianca Aliatti e José Lucas Ferreira dos Santos.
A Procuradora da Fenapaes, Rosângela Wolff Moro, foi a mestre de cerimônia do evento. Ela fez um apanhado do legado deixado pelos ex-presidentes da Fenapaes e falou sobre a importância do encontro dos procuradores.
A presidente da entidade, Aracy Lêdo, usou a palavra para agradecer a presença de todos, em especial dos palestrantes da noite, Mirian Leitão e Sérgio Moro. Em seguida, durante o jantar, eles realizaram suas palestras para um atento público.
Sinto admiração pelo trabalho das Apaes. Assim iniciaram-se as palavras de Mirian Leitão, que em seguida falou sobre a conjuntura político-econômica brasileira. Ela destacou que o Brasil passa agora por uma recessão de dimensões históricas, como nos anos 80 e 90. Para Mirian, a crise atual veio de erros na condução da política econômica e ameaça as bases da estabilização porque o governo aumentou os gastos públicos acimada inflação.
Apesar disso, a jornalista demonstrou algum otimismo ao afirmar que a inflação está em queda e o Brasil está começando a sair da crise. Segundo ela, o país tem avançado muito a partir do fortalecimento da democracia, da estabilização, da inclusão e do combate à corrupção, sobretudo com a atual Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que ela considera um motivo de orgulho pra a nação. O Brasil é um país em construção, com importantes etapas estruturais já consolidadas, finalizou.
O último a falar foi Sérgio Moro, que discorreu sobre a Operação Lava Jato, que começou pequena, investigando quatro indivíduos do ramo do mercado negro de câmbio, mas mudou de patamar quando apareceu um ex-diretor da Petrobras e o envolvimento de empresas de fachada oriundas das principais construtoras do Brasil, fornecedoras da Petrobras.
Moro destacou que os dois indivíduos presos resolveram colaborar com a justiça e começaram a fazer muitas revelações. Havia um quadro de corrupção sistêmica na Petrobras, com pagamentos de propina para agentes e diretores da estatal e para partidos políticos. O que me chamou mais atenção foi que esse tipo de pagamento era uma regra de mercado, enfatizou ele, que enxerga um lado positivo nisso tudo: é possível fazer algo contra um sistema de corrupção sistêmica.
O juiz federal lembrou que já há pessoas presas e condenadas, incluindo ex-parlamentares, dirigentes de construtoras, entre outros. Ele disse ainda que estão em curso investigações contra vários agentes políticos e parlamentares da atual legislatura.
Agora precisamos nos preocupar com o futuro e garantir que as conquistas sejam mantidas e que não haja retrocesso, afirmou Moro. Ele citou como exemplo a necessidade de aprovação do projeto sobre as dez medidas contra a corrupção que tramita no Congresso Nacional (PL 4850/16).
Ao final, Sérgio Moro apontou como impactos imediatos da Lava Jato a recuperação de valores e a punição de culpados, além de destacar que foi também descoberto um esquema de cartel de empreiteiras, o que, segundo ele, deve proporcionar a diminuição dos valores dos contratos de licitação. Para encerrar, ele disse que, apesar dessas preocupações, as perspectivas de mudança para o são positivas.
A palestra de Sérgio Moro foi destaque no programa Bom dia Brasil, da Rede Globo, nesta quinta-feira (28). Clique aqui e assista.