O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) está em fase de estudo para a criação de uma rede de pesquisa sobre o transtorno do espectro autista (TEA). A proposta da Rede Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento sobre o Autismo foi apresentada à ministra Luciana Santos em reunião realizada na última terça-feira (3), em Brasília (DF), e que contou com a participação do diretor-geral da Faculdade Apae Brasil – Dr. Eduardo Barbosa, Erivaldo Fernandes Neto, e da gerente Institucional da Federação Nacional das Apaes (Fenapaes), Luciene Carvalho. A iniciativa busca integrar diferentes áreas do conhecimento para melhorar a qualidade de vida das pessoas com autismo no Brasil.
A reunião teve também a presença do senador Flávio Arns, presidente da Comissão de Educação e Cultura do Senado Federal, e do deputado federal Orlando Silva, que manifestaram apoio à criação dessa rede; representantes de organizações nacionais, a exemplo da Federação Nacional das Associações Pestalozzi (Fenapestalozzi), e de pessoas com autismo; além de pesquisadores de universidades federais que já trabalham com autismo, indicando o interesse e a relevância da temática no meio acadêmico.
Considerando o crescente número de diagnósticos de pessoas com TEA no Brasil e no mundo, o desenvolvimento da Rede Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento sobre o Autismo vem em um momento crucial. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, uma em cada 36 crianças foi diagnosticada com autismo em 2020, evidenciando a urgência de ações coordenadas.
Erivaldo Fernandes Neto destacou a importância da criação dessa rede para a convergência das diferentes linhas de pesquisa sobre o autismo no país. “A ideia de uma Rede Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento sobre o Autismo é crucial porque permite o diálogo entre as diversas frentes de pesquisa, como a psicanálise, o behaviorismo e a neurociência. Esse trabalho conjunto é essencial para garantir uma melhor qualidade de vida às pessoas com TEA”, afirmou.
A criação de uma rede nacional não somente permitirá um diagnóstico mais preciso da situação do autismo no Brasil, mas também favorecerá a produção de evidências científicas que amparam políticas públicas e práticas inclusivas, seguindo exemplos de outras redes, como as dedicadas à síndrome de Down e às doenças raras.
Além de promover uma pesquisa unificada, a rede proposta tem ainda o potencial de realizar um diagnóstico nacional, fornecendo um panorama detalhado. “A criação de um censo nacional é crucial para compreender as demandas e as características específicas das pessoas com TEA, o que permitirá a formulação de estratégias mais direcionadas e eficazes”, acrescentou o diretor da Faculdade Apae Brasil.
O próximo passo é a criação oficial do grupo de trabalho, a fim de viabilizar a proposta da rede de pesquisa. Com a participação da Fenapaes, o grupo será composto por representantes de entidades envolvidas, pesquisadores e especialistas.