Gratidão. Este é o sentimento das famílias das pessoas com deficiência assistidas pela Apae do Rio de Janeiro. Isso porque, após 11 anos sob intervenção, a primeira Apae do Brasil, assessorada pela Federação Nacional das Apaes (Fenapaes), realizou nesta sexta-feira (10) a eleição para a nova diretoria executiva e os conselhos Fiscal e de Administração. O ato aconteceu na sede da entidade. O advogado Marcus Soares foi eleito, por aclamação, para conduzir a organização pelos próximos três anos.

Com o respaldo da Assembleia Geral Ordinária, os trabalhos foram presididos por Hélio Lopes e secretariados por Mírian Queiroz, respectivamente 1º diretor Financeiro e procuradora Jurídica da Apae Brasil. Estiveram ainda presentes o presidente e o vice-presidente da Fenapaes, José Turozi e Nilson Ferreira, respectivamente; o presidente da Federação das Apaes do Estado do Rio de Janeiro (Feapaes-RJ), Luís Valério Neto; os autodefensores da Apae do Rio de Janeiro, Luiz Silva e Pâmela; a superintendente da Apae local, Márcia de Carvalho Rocha; o contador Ronaldo Gualberto, da Fenapaes; e dezenas de pais, mães e amigos da primeira Apae do Brasil.

A eleição na cidade do Rio de Janeiro cumpriu deliberação da diretoria executiva da Fenapaes, aprovada em reunião no dia 20 de setembro, que prevê a necessidade e a obrigatoriedade de se fazer, até o fim deste ano, eleições nas Federações das Apaes de Estado (Feapaes) e Apaes que estão sob intervenção ou supervisão da Fenapaes. No último dia 31 de outubro, ocorreu a eleição para a nova diretoria executiva e os conselhos Fiscal e de Administração da Feapaes-RJ.

Em seu discurso, José Turozi destacou o compromisso, os investimentos e os esforços feitos com o propósito de resgatar a Apae do Rio de Janeiro, já que, a partir da semente plantada na capital fluminense, milhares de outras unidades nasceram no Brasil ao longo desses quase 69 anos de história. Atualmente, há 2.249 Apaes, que estão presentes nos 26 estados e no Distrito Federal.

“Digo para vocês que isso não foi uma despesa que nós tivemos, e sim um grande investimento. Respeitando quem? Respeitando as nossas pessoas com deficiência, respeitando vocês, famílias, que realmente precisam deste espaço. Não só vocês hoje. Tenho certeza de que, no futuro, a Apae do Rio de Janeiro vai oferecer muito mais serviços para outras pessoas com deficiência que aqui virão”, disse o presidente, frisando ainda que Márcia Carvalho exerceu papel fundamental na implementação do planejamento de reconstrução da Apae.

Na ocasião, Turozi aproveitou para agradecer às mães pela carta em que manifestam gratidão pelas ações promovidas desde o início de sua primeira gestão, em 2018. De acordo com as mães, o líder do movimento apaeano não somente deixou sua marca, “mas um presente para todos nós”.

“O presente da renovação, da independência, da reconstrução, do reencontro com uma Apae do Rio que caminha com seus próprios pés, dando passos firmes e esperançosos em busca de uma realidade cada vez mais justa, inclusiva e transformadora para as pessoas com deficiência intelectual que existem e resistem, dentro da nossa sociedade. Nunca esqueceremos o papel importantíssimo que o senhor desempenhou. Durante momentos de dificuldades e incertezas, onde geralmente ninguém deseja ficar, o senhor permaneceu e caminhou conosco até aqui, abrindo caminhos com firmeza, determinação e sabedoria”, enfatizam no texto, que foi lido pela mãe Joseane Furtado. A mensagem se estende aos demais membros da atual diretoria executiva da Fenapaes.

Resgate total

Também responsável pelo processo de liderança de resgate da Apae do Rio de Janeiro, Nilson Ferreira afirmou que, para ele, a eleição desta sexta-feira (10) simbolizou um dia histórico, assim como foi para as famílias e os amigos que fundaram a primeira Apae do Brasil. Ao se lembrar do estado precário em que a instituição se encontrava anos atrás, o vice-presidente destacou o trabalho desenvolvido pela atual gestão da Fenapaes a fim de que a unidade se reestruturasse e, assim, voltasse a desempenhar as suas funções com autonomia e responsabilidade social.

“Tenho que agradecer muito ao presidente José Turozi. Todas as vezes que você me colocou à frente para, de certa forma, ajudar na recuperação da Apae do Rio e todas as vezes você sempre falava: ‘Nilson, nós vamos conseguir, vamos em frente’. E montamos uma equipe de qualidade para isso. A Márcia foi uma conquista muito grande para nós, não só para a Apae do Rio, que vai continuar, mas para nós enquanto equipe, que estava tentando reestruturar a Apae do Rio. E ela criou com a gente tudo isso, acreditou em todos os propósitos e no trabalho da Federação Nacional das Apaes. A partir daí, montamos a estrutura de planejamento e culminou no que está acontecendo aqui hoje: o resgate total da Apae para a comunidade do Rio de Janeiro”, ressaltou Nilson, que agradeceu também Marcus Soares, equipe técnica da Fenapaes e as famílias.

Nova era

Ao lado de sua vice-presidente, a mãe Claudete Coutinho Ângelo, Marcus Soares disse estar feliz por ser o primeiro presidente eleito após a intervenção. O advogado estava como presidente interventor nos últimos dois anos. Em seu pronunciamento, afirmou que o movimento apaeano conquistou o seu coração, e garantiu que, como amigo, continuará trabalhando em benefício do fortalecimento da Apae carioca, juntamente com as famílias.

“Muito obrigado a todos que estão conosco nessa diretoria e dizer que o nosso trabalho, daqui para frente, vai ser um trabalho em que nós vamos apenas olhar para o passado para lembrar que lá não é um lugar que nós queremos estar. Para onde nós vamos agora é o futuro. A Apae do Rio vai caminhar na direção do bem, do sucesso”, afirmou Soares, que agradeceu o apoio e o assessoramento da Fenapaes para que a Apae pudesse sair da grave situação pela qual passava e desse início a uma “nova era”, onde caminhasse com as próprias pernas. “Quero agradecer a todos os presentes. E muito obrigada, Turozi! Muito obrigada mesmo, de coração”, acrescentou Claudete.